sábado, 5 de abril de 2014

Os atos da fala, por que estudar?

Olá pessoal, tudo bem?


                Hoje falaremos de um assunto importante: Os atos da fala. Uma corrente que - faz parte dentre tantas outras que estudam o texto, cada uma de sua forma -, vem trazendo muita repercussão.
                Esta vertente (que faz parte da pragmática, breve postaremos um post sobre isto), enfatiza a performatividade da linguagem, ou seja, está relacionada à ação e interação.
                 Austin – para saber mais sobre ele clique  AQUI - foi o precursor no desenvolvimento dessa teoria.
                “O filósofo buscava uma sistematização da linguagem, diferente da proposta de Wittgenstein. Entretanto, nessa sistematização havia um problema, pois Austin procurava entender os atos de fala como uma totalidade e essa dificuldade só foi sanada quando Searle observou os atos de maneira separada.
                Para ele os atos de falas continham uma complexidade maior que a observada por
Austin, por isso quando Searle apresentou sua teoria, ele introduziu elementos que buscaram preencher as lacunas deixadas pelo seu antecessor.
                Dessa forma ele reelabora os componentes da força ilocucionária e apresenta um elemento complemente novo na teoria dos atos de fala: os atos de fala indiretos, onde não será possível notar a força ilocucionária, pois a mesma está implícita, dessa maneira o contexto onde a proposição é proferida será o maior influenciador para identificarmos a força ilocucionária que ocorre na frase. “– segundo o relatório da PUC-RJ.               
Os atos de fala



                Na filosofia da linguagem, um tipo específico de proferimento é geralmente privilegiado: o proferimento assertivo, ou seja, aquele tipo de proferimento que consiste em afirmar algo sobre algo (essa asserção podendo ser verdadeira ou falsa). Entretanto, há uma classe de palavras/sentenças que, proferidas em determinadas situações, possuem como características desempenhar o papel de ações, ou seja, ao pronunciá-la estou não apenas dizendo algo sobre algo, mas estou executando uma ação.
                Usando o exemplo de Austin, quando um padre diz que batiza alguém ele não está apenas dizendo essas palavras, há uma série de ações que se desenvolvem por trás dessas palavras que farão com que o proferimento seja verdadeiro e que o ato de batizar seja válido (no sentido não lógico de “bem-sucedido”).
                Embora algumas distinções dos atos só surgirem com os contemporâneos de Austin (Searle, Habermas e Grice), devemos admitir que a contribuição de Austin é extremamente importante para os que o sucederam, pois grande parte do seu estudo foi utilizado como alicerces para todos aqueles que vieram posteriormente e herdaram ou utilizaram suas teorias como base de seus estudos.
                A Teoria dos Atos de Fala tem por base doze conferências proferidas por Austin na Universidade de Harvard, EUA, em 1955, e publicadas postumamente, em 1962, no livro How to do Things with words. 0 título da obra resume claramente a idéia principal defendida por Austin: dizer é transmitir informações, mas é também (e sobretudo) uma forma de agir sobre o interlocutor e sobre o mundo circundante.
Até então, os lingüistas e os filósofos, de modo geral, pensavam que as afirmações serviam apenas para descrever um estado de coisas, e, portanto, eram verdadeiras ou falsas. Austin põe em xeque essa visão descritiva da língua, mostrando que certas afirmações não servem para descrever nada, mas sim para realizar ações.
Inicialmente, Austin (1962) distinguiu dois tipos de enunciados: os constativos e os performa1ivos:
 enunciados constativos são aqueles que descrevem ou relatam um estado de coisas, e que, por isso, se submetem ao critério de verificabilidade, isto é, podem ser rotulados de verdadeiros ou falsos. Na prática, são os enunciados comumente denominados de afirmações, descrições ou relatos, como Eu jogo futebol ; A Terra gira em torno do sol; A mosca caiu na sopa, etc.;
 enunciados performativos são enunciados que não descrevem, não relatam, nem constatam absolutamente nada, e, portanto, não se submetem ao critério de verificabilidade (não são falsos nem verdadeiros). Mais precisamente, são enunciados que, quando proferidos na primeira pessoa do singular do presente do indicativo, na forma afirmativa e na voz ativa, realizam uma ação (daí o termo performativo: o verbo inglês to perform significa realizar). Eis alguns exemplos: Eu te batizo em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo; Eu te condeno a dez meses de trabalho comunitário; Declaro aberta a sessão; Ordeno que você saia; Eu te perdôo. Tais enunciados, no exato momento em que são proferidos, realizam a ação denotada pelo verbo; não servem para descrever nada, mas sim para executar atos (ato de batizar, condenar, perdoar, abrir uma sessão, etc.). Nesse sentido, dizer algo é fazer algo. Com efeito, dizer, por exemplo, Declaro aberta a sessão não é informar sobre a abertura da sessão, é abrir a sessão. São os enunciados performativos que constituem o maior foco de interesse de Austin.
         É preciso observar, no entanto, que o simples fato de proferir um enunciado performativo não garante a sua realização. Para que um enunciado performativo seja bem-sucedido, ou seja, para que a ação por ele designada seja de fato realizada, é preciso, ainda, que as circunstâncias sejam adequadas. Um enunciado performativo pronunciado em circunstâncias inadequadas não é falso, mas sim nulo, sem efeito: ele simplesmente fracassa. Assim, por exemplo, se um faxineiro (e não o presidente da câmara) diz Declaro aberta a sessão, o performativo não se realiza (isto é, a sessão não se abre), porque o faxineiro não tem poder ou autoridade para abrir a sessão. 0 enunciado é, portanto, nulo, sem efeito (ou, nas palavras de Austin, "infeliz").
         Austin, então, postula que todo ato de fala é ao mesmo tempo locucionário, ilocucionário e perlocucionário. Assim, quando se enuncia a frase Eu prometo que estarei em casa hoje à noite, há o ato de enunciar cada elemento lingüístico que compõe a frase. É o ato locucionário. Paralelamente, no momento em que se enuncia essa frase, realiza-se o ato de promessa. É o ato ilocucionário: o ato que se realiza na linguagem. Quando se enuncia essa frase, o resultado pode ser de ameaça, de agrado ou de desagrado. Trata-se do ato perlocucionário: um ato que não se realiza na linguagem, mas pela linguagem.

         Resumi algumas coisas no intuito de você, leitor, entender da melhor forma um pouco sobre a teoria dos Atos da fala. É muito mais abrangente do que imaginamos! Porém é fantástico salientar pontos importantes para uma pesquisa detalhada!

Um beijo de LETRAS!

FONTES: Relatório final de Pesquisa PIBIC – PUC-RJ – Teorias dos Atos da Fala; http://www.filologia.org.br/viiifelin/41.htm; www.letragrama.com



Por Bruna Lopes | Diário de um Universitário


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