Olá pessoal, tudo bem?
Hoje
falaremos de um assunto importante: Os atos da fala. Uma corrente que - faz parte
dentre tantas outras que estudam o texto, cada uma de sua forma -, vem trazendo
muita repercussão.
Esta
vertente (que faz parte da pragmática, breve postaremos um post sobre isto),
enfatiza a performatividade da linguagem, ou seja, está relacionada à ação e interação.
Austin – para saber mais sobre ele clique AQUI - foi o precursor
no desenvolvimento dessa teoria.
“O
filósofo buscava uma sistematização da linguagem, diferente da proposta de
Wittgenstein. Entretanto, nessa sistematização havia um problema, pois Austin
procurava entender os atos de fala como uma totalidade e essa dificuldade só
foi sanada quando Searle observou os atos de maneira separada.
Para
ele os atos de falas continham uma complexidade maior que a observada por
Austin, por isso quando Searle apresentou sua
teoria, ele introduziu elementos que buscaram preencher as lacunas deixadas
pelo seu antecessor.
Dessa
forma ele reelabora os componentes da força ilocucionária e apresenta um elemento
complemente novo na teoria dos atos de fala: os atos de fala indiretos, onde não
será possível notar a força ilocucionária, pois a mesma está implícita, dessa
maneira o contexto onde a proposição é proferida será o maior influenciador
para identificarmos a força ilocucionária que ocorre na frase. “– segundo o
relatório da PUC-RJ.
Os atos de fala
Na
filosofia da linguagem, um tipo específico de proferimento é geralmente privilegiado:
o proferimento assertivo, ou seja, aquele tipo de proferimento que consiste em
afirmar algo sobre algo (essa asserção podendo ser verdadeira ou falsa).
Entretanto, há uma classe de palavras/sentenças que, proferidas em determinadas
situações, possuem como características desempenhar o papel de ações, ou seja,
ao pronunciá-la estou não apenas dizendo algo sobre algo, mas estou executando
uma ação.
Usando
o exemplo de Austin, quando um padre diz que batiza alguém ele não está apenas
dizendo essas palavras, há uma série de ações que se desenvolvem por trás dessas
palavras que farão com que o proferimento seja verdadeiro e que o ato de
batizar seja válido (no sentido não lógico de “bem-sucedido”).
Embora
algumas distinções dos atos só surgirem com os contemporâneos de Austin
(Searle, Habermas e Grice), devemos admitir que a contribuição de Austin é extremamente
importante para os que o sucederam, pois grande parte do seu estudo foi utilizado
como alicerces para todos aqueles que vieram posteriormente e herdaram ou utilizaram
suas teorias como base de seus estudos.
A
Teoria dos Atos de Fala tem por base doze conferências proferidas por Austin na
Universidade de Harvard, EUA, em 1955, e publicadas postumamente, em 1962, no
livro How to do Things with words. 0 título da obra resume claramente a idéia
principal defendida por Austin: dizer é transmitir informações, mas é também (e
sobretudo) uma forma de agir sobre o interlocutor e sobre o mundo circundante.
Até então, os lingüistas e os
filósofos, de modo geral, pensavam que as afirmações serviam apenas para
descrever um estado de coisas, e, portanto, eram verdadeiras ou falsas. Austin
põe em xeque essa visão descritiva da língua, mostrando que certas afirmações
não servem para descrever nada, mas sim para realizar ações.
Inicialmente, Austin (1962)
distinguiu dois tipos de enunciados: os constativos e os performa1ivos:
• enunciados constativos são aqueles que descrevem ou relatam
um estado de coisas, e que, por isso, se submetem ao critério de
verificabilidade, isto é, podem ser rotulados de verdadeiros ou falsos. Na
prática, são os enunciados comumente denominados de afirmações, descrições ou
relatos, como Eu jogo futebol
; A Terra gira em torno do sol; A mosca caiu na sopa, etc.;
• enunciados
performativos são enunciados
que não descrevem, não relatam, nem constatam absolutamente nada, e, portanto,
não se submetem ao critério de verificabilidade (não são falsos nem
verdadeiros). Mais precisamente, são enunciados que, quando proferidos na
primeira pessoa do singular do presente do indicativo, na forma afirmativa e na
voz ativa, realizam uma ação (daí
o termo performativo: o verbo inglês to perform significa realizar). Eis alguns
exemplos: Eu te batizo em nome do Pai, do Filho e do Espírito
Santo; Eu te condeno a dez meses de trabalho comunitário;
Declaro aberta a sessão; Ordeno que você saia; Eu te perdôo. Tais enunciados, no exato momento
em que são proferidos, realizam a ação denotada pelo verbo; não servem para
descrever nada, mas sim para executar atos (ato de batizar, condenar, perdoar,
abrir uma sessão, etc.). Nesse sentido, dizer algo é fazer algo. Com efeito,
dizer, por exemplo, Declaro
aberta a sessão não é
informar sobre a abertura da sessão, é abrir a sessão. São os enunciados
performativos que constituem o maior foco de interesse de Austin.
É preciso
observar, no entanto, que o simples fato de proferir um enunciado performativo
não garante a sua realização. Para que um enunciado performativo seja
bem-sucedido, ou seja, para que a ação por ele designada seja de fato
realizada, é preciso, ainda, que as circunstâncias sejam adequadas. Um
enunciado performativo pronunciado em circunstâncias inadequadas não é falso,
mas sim nulo, sem efeito: ele simplesmente fracassa. Assim, por exemplo, se um
faxineiro (e não o presidente da câmara) diz Declaro aberta a sessão, o performativo
não se realiza (isto é, a sessão não se abre), porque o faxineiro não tem poder
ou autoridade para abrir a sessão. 0 enunciado é, portanto, nulo, sem efeito
(ou, nas palavras de Austin, "infeliz").
Austin, então,
postula que todo ato de fala é ao mesmo tempo locucionário, ilocucionário e
perlocucionário. Assim, quando se enuncia a frase Eu prometo que
estarei em casa hoje à noite, há o ato de enunciar cada elemento lingüístico que compõe a
frase. É o ato locucionário. Paralelamente, no momento em que se enuncia essa
frase, realiza-se o ato de promessa. É o ato ilocucionário: o ato que se
realiza na linguagem. Quando se enuncia essa frase, o resultado pode ser de
ameaça, de agrado ou de desagrado. Trata-se do ato perlocucionário: um ato que
não se realiza na linguagem, mas pela linguagem.
Resumi algumas coisas no intuito de
você, leitor, entender da melhor forma um pouco sobre a teoria dos Atos da fala. É muito mais
abrangente do que imaginamos! Porém é fantástico salientar pontos importantes
para uma pesquisa detalhada!
Um beijo de LETRAS!
FONTES: Relatório final de Pesquisa PIBIC – PUC-RJ – Teorias dos
Atos da Fala; http://www.filologia.org.br/viiifelin/41.htm;
www.letragrama.com
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