segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Variação Linguística - Amazonas

Olá Universitários (as)!

Tudo bem?
         Ficamos sumidos né? Então, voltamos para falar de um assunto muito bacana! Variação Linguística! Hã? Sim!

         Segundo o site Português.com.br, variação linguística é um interessante aspecto da língua portuguesa. Pode ser compreendida através de influências históricas e regionais sobre os falares.

E... Vamos falar sobre essa variação na região do Amazonas.

 

         Há palavras e expressões utilizadas no Amazonas a qual apresentam  um significado em algumas regiões e que muitas vezes são desconhecidas em outros lugares. Cito aqui algumas dessas palavras:

 

              CURUBA: Sarna, escabiose;

              CATAR A CABEÇA: Tirar piolhos do cabelo;

              LEVAR UMA PISA: Apanhar, levar uma surra;

              ASSANHADO (CABELO): Desarrumado, desalinhado;

              MANGAR: Tirar sarro, rir de alguém;

              SERENAR: Chover fininho, garoar;

              VEXAME: Pressa;

              VASCULHAR: Limpar a casa, fazendo faxina, procurar algo;

              ALAMBRADO: Bêbado;

              ARIGÓ: Complicado, atrapalhado;

              CARAPANÃ: Pernilongo;

              CHIBATA: Muito legal ou bonito. Refere-se à estilo de roupas, carros, objetos;

 

Dialeto do Norte

         Amazofonia ou dialeto nortista refere-se ao dialeto empregado por boa parte dos habitantes da região amazônica (Região Norte do Brasil) e de seus sete estados. A região norte do Brasil tem pelo menos dois dialetos de destaque: O dialeto considerado tradicional, utilizado pela maioria dos habitantes da região, nas maiores cidades como Belém e Manaus, totalmente em quatro dos sete estados da região: ACRE, AMAZONAS, RORAIMA e AMAPÁ e em parte do PARÁ; o outro dialeto é usado pelos migrantes de 70, presente na região sudeste do Pará (REGIÃO DE CARAJÁS). No estado de Rondônia é um dialeto derivado de misturas de nordestino, mineiro, capixaba, goiano e gaúcho.

 

CARACTERÍSTICAS DO DIALETO:

         O emprego dos verbos na segunda pessoa, exemplo: “tu fizeste”, “tu és”, “tu foste”, além do “R” e “S” como de carioca, “D” com som de “DJ” e “I” com som de “tch”, tendo também a limpidez e a nitidez na pronuncia. Também tem o som de “L” e “LI” palatalizado, como “familhia”, “palhito”.

         Pode soar para algumas pessoas que não sejam da região como sotaque carioca, mas tem características diferentes, como: não há palavras gingadas, como no sotaque carioca; não se trocam o som da letra “S” por “R”.

 

Ritmo e Danças

Além dos ritmos e das danças mais tradicionais da região, como a toada, o carimbó e o brega, outros compõem o elenco regional, como segue abaixo, citaremos duas:

 

Marambiré A dança vem do ex-quilombo do Pacoval, vila alenquerense localizada à margem do Rio Curuá. É um patrimônio histórico e cultural do município e traz a lembrança dos antepassados africanos do antigo quilombo, que não deve ser vista somente como expressão isolada da raça negra, mas sua integração no contexto regional. Acontece no Natal, se prolonga até 20 de janeiro, Dia de São Sebastião.



Bangüê ou Dança dos Engenhos  Criada pelos escravos africanos que habitavam a Ilha de Marajó e o município de Cametá, a dança folclórica surgiu nos engenhos chamados bangüê (engenho de açúcar, em dialeto africano). Os movimentos exagerados da dança se devem à imitação das ondulações feitas pela espuma do tacho (caldeirão), onde se preparava o mel de cana.

 

Música: O Amazonês – Nicolas Júnior

   Espia maninho
Eu sou dessas paragens
Das 'banda' de cima
Do lado de cá
Eu não sou leso
Nem tico bodó
Mas boto no toco
Se tu me 'triscá' (marrapá)
Eu não vim no guaramiranga
Sou moleque doido não venha 'frescá'
Pegue logo o beco e saia vazando
Senão numa tapa tu vai 'emborcá'


Me criei na beira ali pelo 'ródo'
Eu me embiocava lá pelos 'motô'
Mamãe me ralhava e eu nas 'carrera', zimpado
Era galho de cuia, lambada e o escambal
Saía vazado pro bodozal, menino vai se 'assiá'
Tira a tuíra do 'côro', que agora é dos vera
Vou te malinar.

 Sou amazônes, não nado com boto, nem chupo 'piqui'
Sou do mesmo saco da farinha
Aquela da ovinha ali do uarini
Sou amazônes, num é 'fuleragi'
Eu sou bem dali e dou de 'cum força' na farinha
E sou 'inxirido até o tucupi.

Eu era escarrado e cuspido uma osga
Mas meu apelido era carapanã
Muito apresentado, passando na casca do alho
Era chato no balde, um cuirão pitiú
Mais 'intojado' que 'dismintidura'
Numa gabolice pai d'égua que só, pois num é?!
Man eu era chibata, parente, de rocha
Era o rei do 'migué'

(sou amazonês...)
 Na ilharga das balsas
Brincava de pira
E ali de 'bubuia', ficava até 'ingilhá'
Mangava 'dusôtro' na esculhambação
E na hora da broca mandava dindin com kikão
Era bom 'qui só'
Eu pegava um boi, que era massa demais
Égua 'su mano', eu cresci à pulso
E hoje vivo dos bicos na rampa dos cais

(sou amazonês...)
Vocabulário da música:
Bodó: Peixe cascudo ou feião
Botar no toco: Não levar desaforo pra casa
Se tu me triscá: Ofender “ Se você me ofender”
Marrapá: Mas rapaz! Significa indignação
Frescá: Implicar/provocar
Pegue logo o beco: Sai, sai, te manda, cara!
Sai vazando: Sai depressa
Emborcá: Cair
Ródo: Perto do porto

          Viram que bacana? Apesar de algumas variações linguísticas não apresentarem o mesmo prestígio social no Brasil, não devemos fazer da língua um mecanismo de segregação cultural, corroborando com a ideia da teoria do preconceito linguístico, ao julgarmos determinada manifestação linguística superior a outra, sobretudo superior às manifestações linguísticas de classes sociais ou regiões menos favorecidas.

 

 

 

 Beijo de LETRAS!

Até a próxima!
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